"No entanto, qualquer que seja o ponto a que tenhamos chegado, continuemos na mesma direção". (Fl 3, 19)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Jovem Consagrado compõe hino para os 60 anos da CRB




              "Que alegria é partilhar o pão da vida, na Eucaristia nossos laços se refazem"            
                         Entrevista com
                                                      Tállison Ferreira
Por Rosinha Martins| 24.09.14| Tállison Ferreira da Silva é o seu nome. Jovem religioso, há 8 anos consagrado ao Senhor,natural de Assu-RN. Nas veias, corre o sangue permeado pelo dom da música, herdado do pai e parentes.  Mas a função do Tállison não é só cantar. Ele se dedica, na CRB de Recife,  na  luta contra o Tráfico de Pessoas junto a outros religiosos. 25 anos, apenas, com uma vida carregada de dons, amor e doação no serviço ao Reino de Deus. Em vista dos 60 anos da CRB, Tállison foi o compositor de uma canção que toca no horizonte bíblico que tem animado a caminhada da CRB: “Os discípulos de Emaús.
Conversemos um pouco com Tállison para conhecermos um pouco mais da sua trajetória.
 Qual seu nome completo?
Tállison: Tállison Ferreira da Silva.
2. Qual seu lugar de origem?
Tállison: Sou natural da cidade de Assu, distante da Capital – Natal – 209 kilometros, no Estado do Rio Grande do Norte/RN.
3. Há quanto tempo está na  Vida Religiosa?
Tállison: Tenho 8 de Vida Religiosa e 4 anos de Consagrado, portanto, sou Irmão Juniorista.
4. Qual a sua congregação?
Tállison: Pertenço a Associação Pública de Fiéis Filhos de Sant’Ana, uma associação de origem Italiana.  Esta Associação q ainda não é uma Congregação, embora esteja no seu processo de institucionalização. Existem as Irmãs Filhas de Sant'Ana, desde do século XVIII, mas o ramo masculino surgiu em um dos Capítulos Gerais das Irmãs em Roma, no ano de 1993, onde temos a nossa sede.  Existimos  há 21 anos no seio da Igreja. Temos o padre Valdo Feitosa como Responsável Maior, porém, até nos tornarmos Congregação - Instituto, quem responde de forma direta diante da Igreja é a Madre das Filhas de Sant'Ana, Irmã Maria Luiza Pandrina.
5. Qual é o carisma da Associação?
Tállison - Temos como Carisma a identificação com Cristo crucificado no mistério de sua pobreza e vivemos isto a partir da nossa Espiritualidade: Espirito de Família, Doação Paterna e Pobreza de Coração. Estamos presentes nos seguintes países: Brasil, Peru, Bolivia, Italia, Quênia e Filipinas.  Ao todo, somos mais de 90 membros em todo o mundo. No Brasil, porém, entre formandos e Irmãos, somos 32. Eu sou juniorista do quarto ano. A gente pode renovar os votos até no mínimo 3 vezes e no máximo, 5 vezes, antes de fazer os votos perpétuos. 
Atualmente resido na Comunidade de inserção presente no território paroquial de São Sebastião no Bairro do Alecrim em Natal/RN.
6. O que te motivou escrever um hino dos 60 anos?
Tállison: Antes de tudo, o carinho que tenho pela Vida Consagrada Religiosa, a própria alegria contagiante da festa dos 60 anos da Conferencia dos Religiosos do Brasil, a CRB em si e depois pelo entusiasmo do convite feito pela Irmã Maria Elizete Bezerra – pertencente a Congregação Servas do Coração Imaculado de Maria – coordenadora   do Núcleo da CRB – Natal.
7. Em que se baseou para escrever o hino?
Tállison: Para tal composição, me baseei no tema central da Assembleia Eletiva da CRB – Nacional de 2013 “Permanece Conosco” (Lc 24,29) e, por conseguinte, naquilo que traduz a Vida Religiosa, como por exemplo as palavras chaves: Amor, doação, missão, alegria, Eucaristia. Etc.
8.  Como surgiu o hino?
Tállison: O hino surgiu a partir do convite feito a mim, por Irmã Maria Elizete Bezerra, coordenadora da CRB, núcleo – Natal/RN. Irmã Elizete, a principio, queria um refrão pequeno e de fácil melodia para que os participantes da Assembleia Reginal Recife/PE (12 a 14 de setembro 2014), pudessem cantar no momento da oração de abertura, sendo esta de responsabilidade da CRB núcleo de Natal.
Compus um pequeno refrão e enviei para que Irmã Elizete pudesse ver com Irmã Priscila Daniele – Congregação  Irmãs de Nossa Senhora do Bom Conselho, residente em Recife/PE e  responsável  pela escrita da partitura -  se o refrão estava bom. Na hora de fazer a partitura, a Irmã Priscila Daniele –– disse: “Sinto que falta mais alguma coisa”. Daí, fiz a música toda, três estrofes e o refrão. Letra e música de minha autoria e a partitura autoria da Irmã Priscila Daniele.
9.  Ha muito tempo se dedica à música?
Tállison: Desde os meus 12 anos venho me dedicando a música. Acredito que está no sangue da minha família o zelo e o encanto pela música, pelo som. Minha mãe adorava cantar. O meu pai é um apreciador do forró, porém é mais seguro na dança. Além disso, tenho um irmão que canta e toca, sem falar nos tios que segura bem a sanfona e embalam o baião, típico do Nordeste.
10. Atualmente qual é o seu trabalho missionário?
 Tállison: Atualmente venho coordenando a Rede um Grito pela Vida em Natal/RN juntamente com uma equipe de dez pessoas. Além disso, sou secretário do Núcleo CRB Natal/RN. Sou escritor e estudante no Curso de Licenciatura em Filosofia  pela Faculdade Dom Heitor Sales  e encontrando-me dentro do processo da formação sacerdotal.
11. O que você espera do Ano da Vida Consagrada? 
Tállison: Espero que seja um ano propício de reflexão sobre a nossa identidade, isto é, quem somos, onde estamos e para onde queremos ir enquanto Irmãos Consagrados, vocacionados a testemunhar o Cristo Vivo e Verdadeiro no mundo de desafios e contradições.  Espero também que seja mais um tempo que Deus nos oferece para que possamos estreitar os laços da comunhão fraterna.
12. Que mensagem você deixa para a VC neste ano em que a CRB completa 60 anos?
Tállison: Irmãos e Irmãs, peço a todos que compõem a Conferencia dos Religiosos no Brasil, CRB que não sustentem a bandeira ou a concepção da ideia de que estamos velhos, ultrapassados, isto por completarmos 60 anos de presença no seio da Igreja.  Devemos sustentar a bandeira da vitalidade, de que estamos mais maduros e que por isso temos mais força e resistência para seguir o caminho que Deus nos aponta através do Seu Filho Jesus. Parabéns a todos nós por tanto amor, por tanta dedicação e por tanto tempo doado no cultivo da seara do Senhor!

Partitura


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Por Rosinha Martins| 16.09.14| Com o tema “Vida Consagrada, com a  Mãe Aparecida, presença consoladora na dor”, a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil pretende reunir, no próximo dia 4 de outubro,  religiosos e religiosas em torno da  Virgem de Aparecida. O objetivo da romaria é participar da Novena que antecede a festa da Padroeira para celebrar o Ano Jubilar. Em 11 de fevereiro de 2014, a Conferência completou 60 anos.

Reitor do Santuário Nacional, o redentorista, padre Domingos Sávio falou sobre a importância da presença dos Religiosos na Novena de Aparecida. “A Vida Consagrada existe a serviço da Igreja como seguidora de Jesus. Pela sua profissão [consagrados], devem ser sinal desta missão que é de todo batizado", disse.

Padre Domingos frisou, também, que  “a Vida Religiosa presente no Santuário tem o sentido de se testemunho para aqueles que seguem Jesus, ou aqueles que nos assistem através dos meios de comunicação que sua profissão é viver o Evangelho e ser ao mesmo tempo um apelo para que todos possam assumir esta mesma causa”.

Ainda de acordo com padre Domingos, a novena deste ano versará sobre os mistérios dolorosos da vida de Jesus, que foi compassivo e deu a sua vida pelo ser humano. “Os religiosos presentes nesta novena, estão dizendo que querem dar continuidade a essa missão de Jesus e ser um apelo de vida para os que sofrem”, concluiu.

“Como equipe da CRB Nacional, pensamos em um momento para dar maior visibilidade aos 60 anos da CRB, então, decidimos participar da novena de Nossa Senhora Aparecida, que é acompanhada, rezada  por todo o Brasil. Não  desejamos só que os religiosos saibam  e celebrem mas que o povo de Deus participe conosco. Por isso convidamos todos os fiéis,  religiosos e religiosas para a missa no dia 04 às 9h e a novena às 19h. 

Irmã Inês fez, ainda, referência ao tema da novena “Maria, presença consoladora na dor”. Afirmou ser um tema que  tem tudo a ver com a Vida Consagrada. “Os Religiosos são presença no meio do povo mais sofrido, mais machucado. Andando pelo Brasil é impressionante perceber como  Religiosos estão presentes em situações de risco social, de vulnerabilidade, mulheres sofridas, hospitais, abrigos, jovens de periferia, dependentes. A Vida Religiosa é presença consoladora na dor”, garantiu.
Participarão da Novena, a presidente nacional da CRB, Irmã Mária Inês Vieira Ribeiro,mad, e assessores e assessoras executivas da CRB Nacional.

Programação (veja, também, detalhes no anexo)

Dia 04 de outubro de 2014-09
9h – Missa televisionada com a presença de todos os Religiosos e Religiosas em romaria
19 h – Novena a Nossa Senhora. Tema da CRB em consonância com o Santuário: “Vida Religiosa Consagrada, com a Mãe Aparecida, presença consoladora na dor!


terça-feira, 1 de julho de 2014

Copa do Mundo: Campanha pede passe certo para que o campeão seja o povo brasileiro

ESCRITO POR CRB COMUNICAÇÃO LIGADO . PUBLICADO EM DESTAQUE
Por Rosinha Martins|12.06.14| A Ação Episcopal Adveniat lançou na última quarta, 11, no Rio de Janeiro, a Campanha Steilpass.  Com significado estritamente alemão, a expressão quer dizer “passe em profundidade”, a maneira mais certa e direta para marcar o gol. A Campanha surgiu como um ato de solidariedade dos alemães com as causas e clamores do povo brasileiro diante  dos gastos com a Copa para cumprir exigências da FIFA, em detrimento ao bem-estar da população.  De acordo com a coordenação a Campanha também se baseia nas reflexões da 5ª Semana Social Brasileira, que teve como tema “Estado para que e para quem”.
O evento contou com a participação da presidente nacional da CRB, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad, a assessora executiva da CRB Nacional para a Comunicação, Irmã Rosa Maria Martins Silva, mscs, a assessora executiva para os Projetos Sociais, Irmã Ivani Brito, Irmã Manuela Rodríguez Piñeres (OSR), membro da coordenação nacional da Rede Um Grito pela Vida. Religiosos e Religiosas da CRB Regional da capital carioca também marcaram presença.
Representaram a Igreja Católica da Alemanha, o presidente da associação católica para o esporte amador e profissional, Volker Monnerjahn, a atriz Alemã Eva Habermann, o fotógrafo Martin Steffen, o diretor espiritual do Movimento da Juventude Rural Católica da Alemanha, Daniel Steiger, o presidente do Movimento católicos dos trabalhadores da Alemanha, Heribert Kron e o diretor da Adveniat Stephan Jentgens.
Ao explicar o tema da Campanha, o presidente da Adveniat, Stephan Jentgens  recordou a importância  do bom funcionamento das normas no campo de futebol para que o jogo aconteça de maneira correta e agradável a todos. “As regras no campo são iguais para todos. O Jogo dura noventa minutos e quem ganha é aquele que faz mais gols. As regras são claras e justas. É isso que desejamos para o Brasil. Que hajam regras claras e iguais para o povo brasileiro: educação para todos, bom atendimento na saúde, proteção da juventude, distribuição igualitária dos bens”, disse.
No parecer de Jentgnes,  as manifestações foram tardias para um país que tem urgência de mudanças.  “No Brasil a diferença entre ricos e pobres é muito grande. Embora saibamos que a pobreza diminuiu, as mudanças são urgentes para os pobres”. E acrescentou "Não queremos com esta Campanha ditar normas para o Brasil, nosso desejo é ajudar e ser solidários com um país que tem tudo para dar certo e estamos abertos para ouvir de vocês de que forma podemos ajudar", justificou.  
A atriz de TV e cinema na Alemanha, Eva Habermann, uma dos onze amigos da Campanha Steilpass falou da sua simpatia pelo povo brasileiro e lamentou  a situação de injustiça e desigualdade à qual se submete o  pais. “Gosto muito do Brasil e já fiz filmes aqui, um país onde os visitantes sempre são bem acolhidos”, relatou.  
De acordo com  Habermann, a Copa do Mundo é um peso nas costas dos brasileiros. “É a Copa mais cara de todos os tempos e o Brasil tem tantos problemas a serem resolvidos. Fiquei impressionada ao ver as crianças carentes nas creches e orfanatos do Rio, que sofreram algum tipo de violência e outras formas de abusos. Elas me pegaram pela mão, me levaram para conhecer seus quartos. Estamos aqui para entregar ao governo estes pedidos por justiça social”. E enfatizou: “Sinto muito que num país tão legal como o Brasil tenha tantos problemas. Um abraço apertado para todos”.
A presidente nacional da CRB, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro discorreu sobre as razões pelas quais a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil apoiam Steilpass. “Temos como missão na CRB Nacional a animação da Vida Religiosa na dedicação ao povo de Deus. A Vida Consagrada está lá onde a vida é  mais ameaçada. Portanto,  achamos mais que justo apoiar esta Campanha em vista de um Brasil melhor e equitativo”, declarou.
Membro da coordenação da Rede Um Grito pela Vida, Irmã Manuela Rodríguez afirmou que a Rede apoia incondicionamente Steilpass por ser uma Campanha audaciosa, inédita e convincente. Rodriguez apresentou também, a Campanha da Rede “Jogue a favor da vida - denuncie o Tráfico de Pessoas”. “É bom que a sociedade olhe para além do brilho da Copa, pois o Brasil espera quase um milhão de turistas e o turismo é uma porta de entrada para a Exploração Sexual”, frisou.
Presidente da Associação Católica para o esporte amador e profissional, Volker Monnerjahnacentuou que o esporte está para o ser humano e não o contrário. “A pessoa se descobre a partir do esporte, jogando. É uma atividade que reúne povos, diminui as diferenças de classes, porque reúne jovens e velhos, ricos e pobres”. Mas lamentou que a  Copa traz para o Brasil uma situação insuportável uma vez que as famílias tem que ser despejadas de suas casas e os direitos humanos não são respeitados.
A Campanha Steilpass se prolonga até 2016, época dos jogos olímpicos no Brasil. Juntamente com as parceiras CNBB e CRB, a Ação Episcopal Adveniat pretende criar grupos de trabalhos com as pastorais e movimentos da Igreja do Brasil e da Alemanha e momentos fortes de diálogo com o governo brasileiro e alemão sobre as dez petições propostas pela Campanha, para que sejam levadas a sério, em benefício do povo brasileiro.
No Brasil, a Adveniat tem como parceiras na Campanha Steilpass, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB) e a Rede  Um Grito pela Vida. Na Alemanha, recebe o apoio da Conferência Espiscopal Alemã, movimento de leigos, jovens, atores e atrizes e do ex-presidente da Alemanha.
A delegação participou, em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, da  Caminhada ‘Jogue a favor da vida – denuncie o Tráfico de Pessoas’. No dia 12, as dez petições contidas na Campanha foram entregues a representantes do governo brasileiro, no Palácio do Planalto.

Caminhada na Esplanada dos Ministérios recorda vítimas do Tráfico Humano

ESCRITO POR CRB COMUNICAÇÃO LIGADO . PUBLICADO EM DESTAQUE
Por Jaime C. Patias 12.06.14. Alertar a sociedade sobre o Tráfico Humano e propor ações para o seu enfrentamento faz parte da missão da Igreja. É o que acredita a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que na noite desta quarta, 11 de junho, promoveu em Brasília (DF), uma Caminhada para recordar as vítimas desse crime que, somente em 2012, afetou mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.
Munidos de faixas, bandeiras, lanternas e flores, cerca de 500 pessoas se concentraram em frente ao Museu Nacional e caminharam pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional. A capital federal, toda iluminada com as cores do Brasil, por ocasião da Copa do Mundo, recebeu um recado vindo não só dos manifestantes, mas de um grupo de crianças. À frente, elas brincavam com bolas de futebol para pedir, na véspera da abertura do Mundial, esporte justo e livre do Tráfico.

“Grite a favor da vida, jogue pela vida porque nós queremos que nossos jovens, famílias e crianças sejam respeitadas”, disse Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, presidente nacional da CRB, ao acolher os participantes. “É uma Caminhada de fé, de esperança e indignação com aquilo que acontece com os seres humanos ao serem traficados como mercadoria. Nós não queremos isso para a nossa sociedade. Queremos um Brasil mais justo, um Brasil humano que não trafique pessoas”, defendeu a religiosa. A CRB Nacional abraçou a Campanha “Jogue a favor da Vida – denuncie o Tráfico de Pessoas”, lançada pela Rede Um Grito pela Vida que vem realizando ações de conscientização em todo o país.
Assista a Reportagem sobre a Caminhada

Comovente foi o depoimento do Sr. João José Felipe, residente em Goiânia, ao relatar o drama do desaparecimento de sua filha, Simone Borges Felipe (25), traficada e morta há 19 anos. “Estou aqui pela dignidade humana e por um país melhor. Há 19 anos estou lutando e sempre encontrei muito apoio de instituições e autoridades para tirar esta impureza do mundo”.

O Tráfico Humano é um crime organizado, vinculado a interesses poderosíssimos. Seu João José contou que sua filha trabalhava no comércio de roupas em Goiânia quando foi levada para a Espanha com a promessa de um emprego melhor. Lá foi obrigada a se prostituir e usar drogas. Ela denunciou a sua situação e por isso foi envenenada vindo a falecer. Na época, mais de 40 meninas estavam na mesma situação. Com a ajuda da Polícia Federal conseguiu resgatá-las. “É uma luta de caridade, de carinho. A cada passo que nós damos nesse sentido, eu tenho certeza que Deus está presente. Como pode um ser humano vender o seu semelhando para ganhar dinheiro?” questionou emocionado.

Além da presidente nacional da CRB, participaram também o responsável pela Campanha da Fraternidade na arquidiocese de Brasília, padre George Tajra, assessores da CNBB para a Pastoral Social, Vocacional, Missão e Mobilidade Humana, representantes das Pontifícias Obras Missionárias (POM), Centro Cultural Missionário (CCM), Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB), Rede Um Grito pela Vida da CRB Regional de Brasília e Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

O arcebispo de Palmas (TO) e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada, dom Pedro Brito Guimarães, representou a CNBB. “A minha palavra é de incentivo aos religiosos e religiosas, todos os que assumimos esta missão de cuidar da vida e defender as pessoas como fez Jesus”. O bispo disse ainda que, sensível a essa questão, a presidência da CNBB estava unida à Caminhada. Em seguida, falou da necessidade de unir forças com outras instituições e órgãos públicos. Em clima de Copa do Mundo, “espero que as pessoas se divirtam e que tenham os seus direitos respeitados. Que ninguém seja traficado ou explorado na sua dignidade. Buscamos na Palavra de Deus, na fé cristã e na Doutrina Social da Igreja a motivação para estarmos aqui e denunciar toda forma de jogo contra a vida e o Tráfico de Pessoas”.

Dom Philip Dickmans, bispo de Miracema (TO) e dom Roque Paloschi, bispo de Roraima encontravam-se em Brasília na reunião do Conselho Permanente da CNBB e também seguiram a marcha. “Percebemos que hoje temos de trabalhar em rede, senão não seremos capazes de fazer o mínimo diante dessa realidade do Tráfico Humano, da exploração sexual, do trabalho escravo e do comércio de órgãos”, afirmou dom Roque, para quem, o trabalho em rede, “facilita e cria parceria onde vamos ter força para enfrentar o poder do dinheiro, das armas e, sobretudo, a força dos que transitam nesse meio”.

Roraima vive uma realidade de fronteira onde existem rotas de tráfico, um desafio para a Igreja. “Diante dessa realidade não podemos ficar indiferentes. Precisamos fazer alguma coisa. Isso se faz em parceria com organismos e, sobretudo, em profunda aliança com as comunidades dos pobres, independente da confissão religiosa. É preciso assumir uma postura corajosa”, reforçou.

A Caminhada reuniu também lideranças do exterior a exemplo dos jovens universitários americanos, Jeremias de la Cruz e Karin Miranda, que fazem um estágio no Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios em Brasília. “Esta ação é importante porque a Igreja católica tem que proteger a dignidade humana e os grupos que estão aqui têm a missão de preservar a liberdade e promover os direitos humanos”, destacou Jeremias. Para Karin, tanto no Brasil como nos Estados Unidos o tema do Tráfico de Pessoas é muito sério. “Uma maneira de saber mais sobre esse problema é fazer ações como esta. É importante mostrar que nós podemos fazer a diferença”.

A delegação da Ação Episcopal Adveniat, organismo da Igreja católica na Alemanha e a atriz alemã Eva Habermann, no Brasil para divulgar a Campanha Steilpass - para uma sociedade mais justa e equitativa', foram outra presença estrangeira. “Esta é uma boa oportunidade para mostrar ao mundo o que acontece e chamar a atenção para os problemas do Brasil”, defendeu Eva Habermann. A Campanha Steilpass - jogo justo - pretende evidenciar injustiças sociais e contribuir para uma sociedade mais fraterna. “Acho muito triste ver um país que ama o futebol preocupado porque a Copa do Mundo foi decidida arbitrariamente. Esta é a Copa mais cara de todos os tempos feita com dinheiro que poderia ser usado para outras coisas. É importante se manifestar também contra a prostituição e outros abusos do ser humano. Estou aqui pelo povo e seus direitos”, finalizou a atriz.

Irmã Valéria Maria da Silva trabalha em Nova Iguaçu (RJ) e nestes dias, frequenta um curso de formação missionária no Centro Cultural Missionário (CCM). Ela caminhou em companhia de outros 20 colegas do curso. “Acho importante a presença da Vida Religiosa no meio das pessoas marginalizadas e machucadas na sua dignidade. Precisamos ser sinal de esperança para essas pessoas e ajudá-las a ter uma nova vida”.

Um grupo da Juventude Missionária (JM) ligado às POM, também marcou presença para mostrar solidariedade com o causa. Felipe Custódio dos Santos (20), residente no Gama (DF) explicou que o grupo veio do entorno de Brasília para recordar os jovens traficados. “Eles poderiam estar aqui conosco hoje”, disse. “Caminhamos para lembrar esses jovens e crianças. Para a Juventude Missionária esta causa é mais do que uma missão, é um dever”, acredita ele.

O Tráfico de Pessoas está em toda a parte e não poupa nem mesmo os Povos Indígenas. Segundo o secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, no Brasil, “milhares de indígenas vivem essa triste realidade, especialmente nos casos de migrações forçadas”. Nesse aspecto, duas situações ganham destaque: “os que migram porque são expulsos de suas terras e as migrações forçadas devido aos grandes empreendimentos que vem sendo construídos em diversas regiões do país, em especial na região Amazônica”. Segundo ele é importante unir forças com os povos “para combater essa prática tão deplorável”.

A ação terminou no gramado do Senado onde as flores foram depositadas formando uma cruz. Em círculo ao redor dela representantes dos vários organismos fizeram orações onde recordaram algumas realidades do enfrentamento do Tráfico de Pessoas. Ao lado da cruz, de joelhos, seu José João rezou em silêncio. Dom Philip Dickmans acompanhou o gesto enquanto dom Pedro Brito conduziu a oração do Pai Nosso e a bênção das flores. O evento foi mais um grito pela vida e um cartão vermelho para quem desrespeitar o seu semelhante.
Fonte:POM